Da Redação
A conta de energia elétrica ainda nem chegou, mas já deixa a população apreensiva sobre o possível valor. Isto porque neste mês, foi acionada a bandeira vermelha 1 que significa uma tarifa mais cara sobre o valor consumido.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desde o dia 1º deste mês, houve acionamento da bandeira vermelha nas contas de luz dos brasileiros. A tarifa passará a cobrar um valor de R$ 4,463 para cada 100 quilowatt-hora consumidos.
A cobrança extra se deve a escassez de chuvas durante os meses, bem como as temperaturas acima das médias históricas ao longo deste mês. Esses fatores impactam a geração da energia e ao mesmo tempo levam a população a consumir mais.
Mudanças na Cobrança
No dia 30 de agosto, a Agência Nacional informou que haveria um acionamento da bandeira vermelha patamar 2, que previa um aumento de R$ 7,877 por cada 100 quilowatt hora consumidos. No entanto, a medida foi modificada no último dia 03, para patamar 1, que previa um aumento de R$ 4,463 por 100 quilowatt hora.
A redução do patamar da bandeira vermelha ocorreu após a correção de informações do Programa Mensal de Operação (PMO) de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema (ONS), que foi feito o recalculo dos dados, o que indicou o acionamento da bandeira vermelha patamar 1.
Segundo a consumidora, Cláudia Demétrio, a chegada da fatura deste mês deixou ela e seu marido preocupados com o valor.
— O valor aumentou em quase R$ 50 em diferença ao mês de julho. Somos uma família de 5 pessoas, não tem como racionalizar energia de cada um, mesmo falando e pedindo para economizar — explica.
De acordo com ela, o consumo médio deles chegam a 250 KWH por mês, isso resulta em quase R$ 12 somente de acréscimo da bandeira. Fora a contribuição e impostos. Apesar de ser um valor “pouco” ainda assim resulta em uma diferença enorme para seu financeiro.
— Isso contando uma média do inverno que consumimos menos energia, agora no calor o número de banhos dobra aqui em casa e o uso de ventiladores e umidificadores são direto nos respectivos quartos. Agora você imagina esse consumo multiplicado pela tarifa da bandeira — ressalta dona de casa.
Para as contas que já foram faturadas, a devolução será feita até o segundo ciclo posterior à constatação do ajuste, conforme disposto no artigo 323, parágrafo 3° da Resolução Normativa 1000 que trata dos direitos e deveres dos consumidores.
Bandeiras
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015 para sinalizar aos consumidores os custos reais da geração de energia no Brasil. Esse mecanismo permite que os consumidores ajustem seu consumo de acordo com o aumento ou diminuição dos custos, evitando o uso intensivo de termelétricas, que são mais caras.
Antes das bandeiras, os custos adicionais eram repassados apenas nos reajustes tarifários anuais, sem que o consumidor soubesse, no momento, do aumento nos custos de geração.
- Bandeira verde: não há acréscimo na tarifa, pois as condições de geração de energia são favoráveis.
- Bandeira amarela: com condições menos favoráveis, há um acréscimo de R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.
- Bandeira vermelha patamar 1: em situações mais custosas de geração, o acréscimo é de R$ 4,463 a cada 100 kWh.
- Bandeira vermelha patamar 2: condições ainda mais onerosas de geração, com acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 kWh.
Período de seca
Um dos principais motivos para essa medida, foi devido às secas, as altas temperaturas e as queimadas que vêm ocorrendo durante esse mês de agosto. A falta de chuvas também tem impactado diretamente no aumento da conta de energia
Com a previsão de chuvas abaixo da média em setembro, os reservatórios das hidrelétricas do país sofrem queda drástica na expectativa esperada (uma média de até 50% abaixo da média). Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o país, faz com que a energia elétrica fique mais cara.
Horário de Verão
Uma das medidas para reduzir o consumo de energia elétrica das residências é a volta do horário de verão. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, com o horário de verão é possível que haja uma economia de energia elétrica, já que o consumidor ganha mais uma hora de sol.
Com a diminuição da demanda de energia ao fim do dia, nos horários de pico entre das 18h às 21h. O sistema elétrico pode operar de forma mais equilibrada, evitando a necessidade de acionar usinas termelétricas, gerando mais economia.
Como economizar?
Diante deste cenário, o melhor é economizar e reduzir os usos dos eletrodomésticos ao máximo. O engenheiro de Eficiência Energética da Cemig, Thiago Batista destaca algumas maneiras de economizar.
Ele destaca que o ar-condicionado tem uma potência elevada e funciona de forma similar à geladeira, só que retirando o ar quente do ambiente. Por isso, recomenda que o consumidor fique atento ao tempo de utilização.
Além disso, o engenheiro destaca que aqueles que não possuem o ar-condicionado é importante que mantenha janelas e cortinas fechadas para evitar que raios solares adentrem o local.
—É importante manter o ambiente fechado; colocar cortinas ou persianas para evitar a incidência de luz solar; manter a temperatura em 23 ou 24 graus, que é a temperatura de conforto. Essas ações contribuem para a utilização dos aparelhos de forma consciente e aproveitando seus benefícios— afirma.
O profissional destaca que a geladeira é o segundo equipamento que mais consome energia em uma residência, principalmente, pelo seu tempo de uso e por causa do “abre e fecha”. Uma orientação simples indicada pelo especialista é que os clientes verifiquem o estado da borracha de vedação dos refrigeradores. Se as portas não estiverem fechando corretamente, a geladeira (ou o freezer) gastará mais energia para resfriar os alimentos.
—Para saber se a borracha de vedação está em bom estado, faça o seguinte teste: coloque uma folha de papel entre a porta e a geladeira, feche a porta e tente retirar a folha, se ela sair com facilidade, está na hora de trocar a borracha. Repita o teste em vários pontos da porta da geladeira— completa.
Outra forma simples de economizar é mudar a estação do chuveiro elétrico, que é o equipamento que mais consome energia nas residências.
—Ao colocar a chave do chuveiro na posição verão, as pessoas podem ter economia de, aproximadamente, 30% do consumo do aparelho ligado em sua potência máxima. Mas, mesmo assim, é importante que o tempo de uso seja mantido, pois não adianta diminuir a potência do equipamento e aumentar o tempo de banho— alerta Thiago.