Injustiça 

Muita gente está perguntando: Como o Lauro Capitão América (PDT) teve 2.584 votos e não foi eleito? Verdade. Ele foi mais bem votado do que alguns que vão ocupar uma cadeira na Câmara a partir de 2025. E o pior: nem suplência pegou, como na eleição anterior. Infelizmente. O que a maioria não sabe é que nem sempre os vereadores mais votados são eleitos por causa do sistema eleitoral proporcional utilizado no Brasil para eleger vereadores e deputados. No atual modelo, o número de cadeiras de cada partido ou coligação é determinado pelo “quociente eleitoral”, que considera a quantidade total de votos válidos e a votação obtida pelo partido ou coligação. Uma tremenda injustiça, pois nem sempre a sigla está numa coligação ou federação. Entrar sozinho em uma disputa tão ferrenha, muito mais difícil do que cargos no Executivo é “atirar no escuro”, não dá. Já passou da hora de rever este sistema, se não, muitos candidatos que às vezes nem se esforçaram tanto, continuarão “pegando carona” nos bem votados que se uniram a outras siglas, e quem lutou sozinho e teve seus méritos continua ficando pelo caminho. 

Como funciona?

O quociente eleitoral é calculado dividindo o total de votos válidos pelo número de vagas disponíveis. Para que um partido ou coligação eleja vereadores, precisa atingir pelo menos o quociente eleitoral. Se o partido não atingir esse valor, mesmo candidatos bem votados podem não ser eleitos. Foi o caso do Capitão América. Não tem como atingir o quociente se estava sem coligação. Claro que ele estava ciente disso, o que não torna o sistema justo. 

Votos de legenda 

Se é complicado se fazer as contas e até mesmo os candidatos se embaraçam, imagina se os eleitores vão entender essa matemática e aceitar. Nesta modalidade, além dos votos diretos nos candidatos, os votos dados à legenda (votos no partido, e não em um candidato específico) também são contabilizados para definir quantas cadeiras o partido conquistará. Isso significa que, mesmo que um candidato tenha muitos votos, seu partido pode não conseguir vagas suficientes para ele ser eleito. Por isso, as vagas pertencem à sigla, não ao candidato. A bagunça envolvendo a direção do PV em Divinópolis, o vereador empossado, Deusdete Campos, e o eleito Washington Moreira, é um exemplo disso. Tanto, que, na semana passada, o Ministério Público se manifestou favorável a Moreira. Dependendo do entendimento da Justiça Eleitoral, ele pode tomar a vaga de Deusdete ainda neste mandato. Dificílimo de interpretar, que dirá escrever para que outras pessoas entendam.  

Favorece o partido 

Explicando o inexplicável, vem a distribuição. Em um sistema proporcional, o que importa é o total de votos do partido, e não só os votos individuais dos candidatos. Assim, um candidato com menos votos pode ser eleito se o seu partido tiver um bom desempenho geral. Após a definição do quociente eleitoral, calcula-se o quociente partidário, que indica quantas cadeiras cada partido ou coligação terá. As cadeiras são preenchidas pelos candidatos mais votados dentro daquele grupo. Assim, mesmo que um candidato tenha uma votação expressiva, se seu partido ou coligação não alcançar o número de votos necessários, ele pode não ser eleito. Por outro lado, o da injustiça, os candidatos com menos votos individuais podem ser eleitos se o seu partido tiver uma boa votação total. Resultado que  favorece a representatividade dos partidos, não o candidato. Por isso, Capitão América mais bem votado do que outros, ficou de fora. Injusto, injustíssimo. 

Ingratidão 

Além dos bem votados que levaram, tem o que não conseguiram pela falta de votos mesmo. É o caso do ex-prefeito Galileu Machado (PRD), mesmo partido do reeleito Flávio Marra. Machado teve apenas 889 votos. Uma tremenda ingratidão para um homem que geriu esta cidade tantas vezes e fez tantas obras fundamentais para o seu desenvolvimento. Difícil entender o comportamento de um povo que como boa parte dos políticos é interesseiro, só trata bem por interesse. Valoriza muito mais o ter do que o ser. Mas, Galileu nem precisa se chatear com isso. Primeiro por saber como a maior parte da população é traiçoeira. Segundo por ter plena convicção que deu o seu melhor por Divinópolis. Vida que segue e cada responde por suas escolhas.

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