Preço de cesta básica tem alta de 3,17% nos últimos 12 meses

Jorge Guimarães 

O custo médio da cesta básica de alimentos em Divinópolis alcançou R$ 558,44 em setembro deste ano, aumento de 0,27% em comparação ao mês anterior, quando o valor era de R$ 556,94. Apesar da variação modesta de um mês para o outro, uma análise de um período mais longo revela um cenário de inflação mais expressivo. Entre outubro de 2023 e setembro de 2024, o custo da cesta básica na cidade registrou uma alta acumulada de 3,17%. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-Sociais (Nepes), vinculado à Faculdade Una Divinópolis. O levantamento demonstra a pressão inflacionária sobre itens essenciais, afetando diretamente o poder de compra das famílias locais.

Setembro 

A pesquisa de setembro apontou um aumento expressivo nos preços de alguns itens da cesta básica em Divinópolis. A manteiga teve uma alta de 8,62%, enquanto o leite subiu 3,20%. Os aumentos foram impulsionados pela menor oferta no campo, consequência do clima adverso, com chuvas excessivas na região Sul e estiagem e queimadas em outras áreas do país, o que afetou diretamente a produção de laticínios e seus derivados.

Outro item que registrou destaque significativo foi o óleo de soja, com aumento de 8,55%. Segundo o professor e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-Sociais (Nepes), Wagner Almeida, a demanda firme pelo grão e pelo óleo, somada ao excesso de calor causado pela instabilidade climática, levou à elevação dos preços no varejo. Essas variações refletem a influência direta das condições climáticas sobre a oferta e o custo de produção. 

Queda 

A pesquisa também captou reduções significativas no preço de alguns alimentos. O quilo da banana registrou uma queda de 19,40%, enquanto o tomate apresentou uma redução de 15,20%. A batata também teve uma queda de 0,06%. Segundo o Dieese, o calor excessivo fornecido no período contribuiu para o aumento da oferta desses produtos, o que, por sua vez, pressionou os preços para baixo no varejo. Essas reduções amenizam o impacto da alta nos preços de outros itens da cesta básica e refletem as variações sazonais na disponibilidade de alimentos.

Pesquisa 

A pesquisa referente a setembro foi realizada entre os dias 24 e 28, com o levantamento de preços em sete supermercados do município de Divinópolis. Esses estabelecimentos contam com açougue, padaria e hortifrúti em suas estruturas, o que garante uma variedade de produtos para a composição da Cesta Básica de Alimentos. 

A cesta é composta por 13 itens alimentares essenciais, selecionados de maneira a suprir as necessidades nutricionais de um trabalhador adulto durante um mês. Ela inclui quantidades balanceadas dos nutrientes necessários para o sustento e bem-estar, refletindo a importância de garantir a manutenção da saúde por meio da alimentação básica.

Salário 

O trabalhador que recebe o salário mínimo destinou, em média, 42,8% do seu rendimento líquido, já descontados 7,5% referente à Previdência Social, para a compra dos itens da cesta básica em setembro. A renda representa um aumento em relação ao mês anterior, quando 42,6% do salário líquido foi utilizado para adquirir os mesmos produtos. O aumento reflete a pressão sobre o orçamento familiar, evidenciando a dificuldade crescente para garantir as necessidades alimentares básicas em meio à alta de preços de alguns itens essenciais.

Orçamento

O aumento no custo da cesta básica tem impacto direto no orçamento familiar, especialmente para as famílias de baixa renda. Alimentos e produtos de higiene e limpeza representam uma parte específica das despesas monetárias, e qualquer elevação nos preços desses itens essenciais força as famílias a reorganizarem suas finanças.

— Muitas vezes, para acomodar os gastos extras com a alimentação, é necessário cortar despesas em outras áreas importantes, como lazer, educação e até cuidados com a saúde. Essa readequação pode comprometer o bem-estar geral e a qualidade de vida, refletindo a sensibilidade do orçamento doméstico às variações nos preços dos itens de primeira necessidade — avalia o economista Lázaro Ribeiro. 

Mudança de hábitos

A alta dos preços leva os consumidores a alterar significativamente seus hábitos de compra. Produtos que antes faziam parte do consumo cotidiano, como cortes de carne de melhor qualidade, começam a ser vistos como itens de luxo e são substituídos por opções mais baratas.

— Além disso, a pressão no orçamento familiar faz com que muitos troquem alimentos frescos por alternativas enlatadas ou congeladas, que costumam ser mais acessíveis financeiramente. Essas mudanças de hábitos afetam a diversidade e a qualidade da alimentação, refletindo o esforço das famílias para se adaptarem ao aumento — avalia Ribeiro. 

Saúde

A alta dos preços da cesta básica faz com que  muitas famílias enfrentem dificuldades em manter uma dieta diversificada e nutritiva. A restrição financeira pode levar à escolha de alimentos mais baratos e menos saudáveis, reduzindo o consumo de frutas, verduras, proteínas e outros itens ricos em nutrientes.

— Esse cenário aumenta o risco de deficiências nutricionais, como falta de vitaminas e minerais, e pode contribuir para o surgimento de problemas de saúde a longo prazo, como anemia, obesidade e doenças crônicas. Garantir o acesso a uma alimentação equilibrada torna-se, portanto, um desafio ainda maior — finaliza o economista.

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