A cultura dos livros na história da humanidade

Escrever e publicar um livro nos dias de hoje é muito mais fácil, está ao alcance de qualquer pessoa. No início do processo de publicação não era.  Os primeiros livros publicados no formato impresso surgiram após a invenção da prensa tipográfica por Johannes Gutenberg em meados do século XV. Antes disso, as obras eram manuscritas e produzidas de forma artesanal.  

São quatro os livros que marcaram a história: A Bíblia de Gutenberg, Psautier de Mayence, Catholicon de Balbi e o Donatus. Hoje falarei dos dois primeiros e, na próxima coluna, dos outros dois.

A Bíblia de Gutenberg (por volta de 1454-1455) – Considerado o primeiro grande livro impresso usando tipos móveis. Essa Bíblia em latim, também chamada de “Bíblia de 42 linhas”, é um marco no início da era da impressão.

A Bíblia de Gutenberg é uma das obras mais importantes da história da impressão e é considerada o primeiro grande livro produzido em massa usando tipos móveis. Ela foi impressa por Johannes Gutenberg, um inventor alemão, entre 1454 e 1455, em Mainz, Alemanha. Sua invenção da prensa tipográfica com tipos móveis revolucionou a produção de livros, que antes dependia de manuscritos copiados à mão, um processo lento e caro.

– Língua: A Bíblia de Gutenberg foi impressa em latim, o idioma oficial da Igreja Católica na época.

– Formato: O livro foi impresso em dois volumes e contém 1.282 páginas.

– Tipografia: Cada página tem 42 linhas de texto, o que é uma das razões pelas quais ela também é chamada de “Bíblia de 42 linhas”.

– Estilo: A impressão imitou a caligrafia dos manuscritos medievais, com um estilo gótico, o que proporcionou um acabamento refinado. As letras capitulares e ornamentos foram adicionados à mão após a impressão.

– Tiragem: Acredita-se que Gutenberg imprimiu cerca de 180 cópias da Bíblia, sendo aproximadamente 150 em papel e 30 em velino (um tipo de pergaminho feito de pele animal).

A Bíblia de Gutenberg simboliza o início da Revolução da Imprensa e da democratização do conhecimento. Com a invenção dos tipos móveis, os livros começaram a ser produzidos de maneira mais rápida e acessível, o que permitiu a disseminação de informações para um público muito maior.

Atualmente, acredita-se que existam 49 cópias da Bíblia de Gutenberg espalhadas pelo mundo.

Psautier de Mayence (1457) – O primeiro livro impresso a conter uma data explícita, foi um saltério (livro de salmos) produzido por Fust e Schoeffer, sucessores de Gutenberg.

O Psautier de Mayence (ou “Saltério de Mainz”) é um dos livros impressos mais antigos da história e é notável por ser o primeiro livro a incluir uma data de publicação explícita. Foi impresso em 1457 em Mainz, na Alemanha, por Johann Fust e seu genro Peter Schoeffer, que foram associados de Johannes Gutenberg, o inventor da prensa de tipos móveis.

– Data de publicação: 14 de agosto de 1457. Esse fato torna o livro historicamente significativo, pois é o primeiro a conter uma data impressa, ao contrário de outros livros da época que não traziam essa informação.

– Conteúdo: O saltério é uma coleção de salmos e outros textos religiosos usados na liturgia cristã, especialmente no canto das horas no serviço eclesiástico diário. O livro era amplamente usado pela Igreja Católica e era importante tanto para monges quanto para clérigos.

– Tipografia e arte: O Psautier de Mayence é um exemplo impressionante da sofisticação da impressão logo após a invenção dos tipos móveis. Ele é famoso pelo uso de letras capitulares coloridas e iluminadas, feitas com impressões em duas cores (vermelho e azul). Este é um dos primeiros exemplos de impressão em cores, uma técnica complexa para a época.

– Beleza artística: Além de ser um marco na impressão tipográfica, o livro também é celebrado por sua beleza estética, com um design de grande elegância e detalhes minuciosos, o que o torna um dos mais belos livros impressos no início da era da imprensa.

Johann Fust e Peter Schoeffer eram parceiros de Johannes Gutenberg e, depois de uma disputa financeira, assumiram o controle da oficina de impressão de Gutenberg. O Psautier de Mayence foi uma das primeiras grandes obras que eles produziram após essa ruptura, e sua alta qualidade demonstrou o potencial artístico e técnico da impressão tipográfica. 

Em suma, o Psautier de Mayence é uma obra fundamental na história da impressão, tanto por seu conteúdo religioso quanto por suas inovações tecnológicas e estéticas. Ele demonstra o rápido progresso que a prensa de tipos móveis possibilitou logo após a invenção de Gutenberg.

Nossas outras culturas: o cinema

Divinópolis brilhou de forma internacional com o cineasta Alisson Resendes. Seu filme “A Nossa História de Amor” venceu o prêmio de melhor filme LGBTQ no Festival Internacional de Nova York. 

Com leveza nas imagens entre um ambiente externo, um banco de jardim… o interior de uma casa, foto na parede, silêncio… o cachorro trazendo poesia, a história de amor que transita no tempo, no espaço e nas palavras de uma carta… O filme de Alisson toca o mais insensível dos corações, o amor em suas faces, presente e lembrança, nos leva a refletir sobre como lidamos com ele. O amor é vivido ou é lembrança, então vivamos, pois amor de lembrança dói…

Tem pauta para sobre alguma cultura? Envie para welbertonha@gmail.com

Welber Tonhá e Silva 

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suíça em Genebra, cadeira nº C186

Membro da Academia Mineira de Belas Artes

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

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