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O rastro 

by JORNAL AGORA

Um rastro de destruição que perdura até hoje. O final da tarde do dia 5 de novembro de 2015 ficou eternizado não só para as comunidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, mas também para todo Brasil. O relógio marcava 16h20 quando a barragem, de propriedade da Mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, rompeu, despejando cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. O desastre matou 19 pessoas, engoliu comunidades e plantações, poluiu cursos d’água, deixou um rastro de destruição em toda a bacia do rio Doce, em Minas Gerais, com reflexos até a foz do rio, no estado do Espírito Santo, e no oceano Atlântico. Quase 9 anos depois, o acidente segue deixando um rastro de destruição. Tentam fazer com que esta tragédia caia no esquecimento, porém os imbróglios na Justiça não deixam. Assustadoramente, quase uma década depois a Vale e o governo brasileiro ainda negociam um acordo de reparação dos danos causados a dezenas de famílias e ao meio ambiente.

A mineradora informou na última sexta-feira, em comunicado ao mercado, que as discussões preveem agora um valor total de R$ 170 bilhões. Em paralelo a isso, começou nesta segunda-feira,  o julgamento na Justiça britânica, que irá definir se a mineradora anglo-australiana BHP Billiton é responsável pela tragédia do rompimento da barragem de Fundão. Como já esperado, e com por aqui a justiça nunca é feita, pois é sempre tardia, foi necessário recorrer “lá fora”, para ver se pelo menos “lá”, as vítimas são reparadas. Por aqui, o rastro da tragédia segue o seu curso como naquele fatídico dia. Refazendo o caminho de ida e volta dia após dia. Não tão “por incrível que pareça”, mas até o momento, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela tragédia. Os réus — Samarco, Vale, BHP e VogBR, consultoria que atestou a estabilidade da barragem e sete pessoas físicas — foram interrogados em novembro de 2023, mas ainda não houve sentença. Aliás, a única dada até o momento foi para as vítimas: condenados a conviverem com a dor e a impunidade. 

O que é mais desolador nisso tudo é ver o quão sozinhos os brasileiros estão, mas ainda não se deram conta disso. Preferem se iludir. Com uma Justiça falha e tardia, e governantes que trabalham apenas em prol de si mesmos, o povo apenas sobrevive ao Brasil. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é a prova disso. Nesse período, receberam orações, olhares de empatia e muita comoção. Bastou a vida seguir o seu fluxo normal para que fossem esquecidos e sua luta passasse a ser solitária. Sozinhos, depois de uma tragédia dessas, eles lutam contra os lobos. Não desistem. Se por aqui não há Justiça, então procuraram “lá fora”. Não aceitaram a condenação da impunidade já dada no país da piada pronta. Uma pena que a inspiração de força e garra não indeniza e não apaga o que aconteceu. Mesmo diante o rastro que a tragédia deixa dia após dia, e a prova de que o Brasil não é um país que pode ser levado a sério, o MAB não desiste. Do lado de cá, enquanto eles lutam sozinhos, há apenas vergonha, nada mais! Justiça tardia não faz justiça!

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