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Indignação e decepção descrevem o sentimento da população brasileira

by Portalagora

Flávio Flora

A gravidade da crise política instalada no país depois das divulgações das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, repercutiu país a fora, incluindo Divinópolis. Foi comentada também pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, liderança influente no PSDB, em mensagem no Facebook, defendendo que se dê publicidade às gravações e ao fundamento das acusações.

— Os atingidos por elas têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões. Se as alegações de defesa não forem convincentes (…) os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia. O país tem pressa. Não para salvar alguém ou estancar investigações. Pressa para ver na prática, medidas econômico-sociais que deem segurança, emprego e tranquilidade aos brasileiros. E pressa, sobretudo, para restabelecer a moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos — expressa FHC.

Na opinião do advogado Claudio Lamachia, presidente da OAB, o presidente Temer  perdeu as condições para continuar no cargo:

— São estarrecedores, repugnantes e gravíssimos os fatos noticiados a respeito da obstrução da Justiça praticada pelo presidente da República e de recebimento de dinheiro por parte dos senadores Aécio Neves e Zezé Perrella. A serem verdadeiras as notícias, o presidente Temer perde as condições para continuar a frente da Presidência — afirmou o presidente da OAB, Claudio Lamachia.

Bancada reunida

Sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato, o presidente estadual do PSDB-MG,  deputado federal Domingos Sávio informou que a bancada do PSDB reuniu-se durante a tarde e nesse encontro não se chegou a consenso, mas defendeu a retirada do PSDB do governo Temer:

— A lei foi feita para todos e, independente da sigla partidária, todos devem ser investigados e punidos (se comprovadas às acusações) pelos seus atos, garantindo-se o direito pleno de defesa — afirmou Domingos, ressaltando que agora o que importa “é defendermos o Brasil” e que as investigações sigam a fundo, como quer, igualmente, o povo.

Em seu posicionamento, Domingos disse estar triste de ver tanta gente envolvida em atos ilícitos, mas que consegue retirar da situação a oportunidade de mudança pelos caminhos constitucionais. O deputado confirmou que Aécio vai se afastar da presidência do partido e vai preparar sua defesa.

— Mas, nós do PSDB queremos ir além disso. Sugerimos que nossos quatro ministros se afastem do governo e o PSDB saia do governo Temer — afirmou Domingos Sávio.

Repúdio dos vereadores

As três lideranças do PMDB, na Câmara Municipal traduziram em seus pronunciamentos o pensamento geral do plenário, manifestados por vários vereadores: “Vergonha”.

O líder do PMDB na Casa, vereador Delano Pacheco disse que a política está sendo passada a limpo, “não está piorando, está melhorando”:

— Tem o meu repúdio essa vergonha que está jogando a política na sarjeta. Hoje, convencer as pessoas que político é bacana, é sério, está difícil e vai ficar cada vez mais — opina o vereador doutor Delano, que diz não desistir de fazer o melhor pelo município e os cidadãos.

O vereador líder do Executivo na Câmara, Edson Sousa (PMDB), também se manifestou sobre a situação nacional, afirmando (como o Salomão bíblico) que “não há nada de novo sob o Sol”. Na sua expressão, depois de criticar os políticos que traíram a confiança do povo, pede à presidência da Casa que elabore uma Moção de Repúdio endereçada ao Congresso Nacional, contra “os ladrões disfarçados de autoridade”, pedindo a renúncia do presidente Temer e a convocação de eleições gerais.

O presidente da Câmara, vereador Adair Otaviano (PMDB) também expressou-se sobre a crise em que o Brasil está mergulhado, ao falar sobre a desmoralização dos políticos nacionais.

— Repudiamos o que está acontecendo com a nossa Nação, quando um presidente está para ser deposto por ter cometido crime. Chegamos ao fundo do poço e quem cometeu equívocos tem que pagar pelos seus erros. Não pode o pobre trabalhador brasileiro pagar pela irresponsabilidade dos políticos que roubam o país — afirmou, indignado, o vereador-presidente. “É uma vergonha! Mesmo sendo investigados eles ainda têm a coragem de continuar roubando”, concluiu.

Ao começo da noite, no pórtico da avenida Primeiro de Junho, dezenas de manifestantes se reuniram para pedir a renúncia de Michel Temer. Manifestações ocorrem em várias cidades.

Ao fechamento desta matéria, mesmo se recusando a renunciar ao cargo, o ambiente na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional é de isolamento cada vez maior do presidente Temer.

Entenda: Crise política brasileira se agravou com delações de suborno e propinas

Moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos está abalada

O agravamento da crise política nas últimas 48 horas ocorre com a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, magnatas do frigorífico JBS, que apresentaram uma prova, em áudio, de que o presidente Michel Temer tentou obstruir a Operação Lava Jato.

O diálogo entre o presidente e Joesley Batista teria ocorrido à noite do último dia 7 de março, no Palácio do Jaburu (residência da vice-presidência), quando Temer foi informado de que o ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaroestavam recebendo mesadas para não falar nada que prejudicasse o Governo. Temer, então, teria incentivado a prosseguir com o suborno: “Tem que manter isso, viu?”

Delação premiada

A delação dos irmãos Batista comprometeu também o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na condição de candidato à presidência em 2014, e sua irmã Andréa Neves, presa em Brumadinho, ontem de manhã.

Segundo o jornalista Lauro Jardim (O Globo), o tucano pediuR$ 2 milhões a Joesley (em quatro parcelas), que foram entregues ao primo Frederico Pacheco de Medeiros, administrador financeiro da campanha eleitoral, preso ontem de manhã também, em Nova Lima.

O primo, por sua vez, repassou para Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PSDB-MG), que depositou numa contada empresa Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, do seu filho, ex-deputado Gustavo Perrella, secretário nacional de Futebol no Ministério do Esporte.

A denúncia contra Michel Temer, senadores Aécio Neves (hoje presidente nacional do PSDB) e Zezé Perrella deixou o mundo políticonacional de sobressalto, considerando a precipitação dos fatos. Ontem de manhã, os noticiários se ocuparam das operações da Polícia Federal, que agiu em sincronia em várias localidades, inclusive na cidade de Cláudio, onde residem parentes de Aécio Neves. A Polícia Federal não falou com a imprensa local, mas 16 agentes foram às fazendas de Aécio Neves e seu primo, Frederico Pacheco de Medeiros, onde apreendeu itens, entre eles, um pen-drive e uma espingarda.

Efeitos colaterais

A situação mudou o panorama político nacional: Temer, à beira do abismo, deve renunciar ou sofrer “impeachment”, já que não tem apoio popular e nem parlamentar para as reformas; Aécio foi afastado do Senado e da presidência nacional do PSDB e pode ser preso, a qualquer momento, dependendo da decisão do Supremo Tribunal Federal; o Congresso Nacional está com suas atividades comprometidas.

Enquanto isso,cresce a indignação geral exposta nas mídias sociais; as opiniões se dividem em relação ao futuro incerto do governo federal; a idoneidade do Supremo Tribunal Federal (STF), também colocado à prova; o mercado acompanha com apreensão os desdobramentos econômicos da crise – Bolsa de São Paulo chegou a acionar ‘circuitbreaker’ após o Ibovespa cair mais de 10% a manhã desta quinta-feira.

Ontem mesmo, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), preparou sua carta de demissão, e Bruno Araújo, ministro das Cidades, também avaliava entregá-la, mas recuou. O ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), pediu demissão logo depois do pronunciamento do presidente Michel Temer. O PTN, da base aliada também anunciou rompimento com a Presidência.

Presidente intranquilo

A reportagem não conseguiu contato com os envolvidos na delação, mas reverbera nota da assessoria de imprensa do senador Aécio Neves, afirmando que ele está “absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”. No texto, a relação do presidente do PSDB com Joesly Batista sempre foi “estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”. Aécio espera ter acesso ao conteúdo completo das informações para prestar esclarecimentos, encerra a nota.

Em vídeo publicado em seu Facebook, Zezé Perrella se coloca à disposição para esclarecimentos. “Não conheço Joesley Batista. Nunca tive contato com ele, nem mesmo por telefone, ou com qualquer outra pessoa do GrupoJBS.”

Na tarde desta quinta-feira 18, em comunicado realizado pela televisão, o presidente Michel Temer afirmou categoricamente que não vai renunciar, porque não quer jogar no lixo as reformas que promoveu:

— Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Repito e ressalvo: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja, para ficar calado. Não comprei o sigilo de ninguém, porque não temo nenhuma delação. Nada tenho a esconder. Não preciso de foro. Sempre honrei meu nome — afirmou Temer.

 

 

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