Apesar de duramente atingida, nossa combalida democracia está funcionando. Com os acertos e críticas, de ontem e de hoje, parte da qual agindo conforme apetites capitalistas e princípios autoritários de uns, normalmente encastelados no poder, e aspirações nacionais do outro lado. Sociologicamente, há um terceiro grupo, subdividido naqueles que ainda acreditam na existência de uma grande Pátria; os indiferentes e o enorme contingente de párias. Quanto aos primeiros, os interesses do Brasil, não vêm ao caso. Nas Casas dos Contrários encontramos, claramente, essa diferença, mas nelas sempre haverá vozes da Nação e do Povo, como há, também, a dos avessos à boa ética, fazendo política pelo bem-estar, consoante lhe convém. Digladiam-se nos debates e nas ações, contra e em favor do coletivo. É trágica, a história dessa disputa, nada republicana. E nesse descompasso segue a democracia, capengando, ferida, como que por balas perdidas disparadas por adversários do regime. Todavia, com ela caminhamos nós, defendendo a sobrevivência da moral e dos bons costumes. Nunca se fez tão maus dirigentes como agora.
Reagir contra o ilícito, seja de que facção for, é legítimo. Claro, que o autor do crime nem sempre concorda. Os hábitos pessoais, por vezes, estão acima do País. Contra o autoritarismo da ditadura insurge-se, em discurso, o dep. Márcio Moreira Alves o qual prega boicote ao desfile de Setº/1968, forjado de patriotismo. A Câmara Federal não aceita o pedido de cassação, é cercada e o parlamentar cassado. Nessa imposição se espelha o Planalto de 2017, disfarçado de moralismo, embora sem armas.
Há circunstâncias, hoje, parecidas com as daquela época, que requer comportamento de um Parlamento à altura de uma democracia civilizada, forte e varrida de elementos que a corroem. A retirada de direitos, por pseudas reformas, impostas por governistas sem pudor, têm ranços de AI-5. É a repetição e semelhança gratuitas, do expediente utilizado por Pedro I, em 1823, pois os constituintes da época também se opuseram a uma Constituinte absolutista. Opositores, como os Andrada, partiram para o exílio. Está evidente a vontade nacional, as propaladas medidas do governo são anti-sociais. Mais do que nunca, para eles é preciso embengalar nossas aposentadorias, cortar as conquistas de nossos trabalhadores.
A atual crise, instaurada pela falta de credibilidade do presidente da República, mantém confinada a democracia. Pela posição em situações similares, deixam-nos saudosos de dois importantes personagens, capazes de chamarem o feito à ordem: a coragem cívica de Leonel Brizola e o pulso firme e patriótico do marechal Teixeira Lott.inocnf@gmail.com