Da Redação
Os devotos da Igreja Católica de Pitangui se preparam para celebrar o Setenário das Dores de Maria. É uma tradição que supera 300 anos na cidade. Nela, durante sete dias, medita-se sobre as sete dores que passaram pelo coração de Nossa Senhora como espadas.
A cada dia, compara-se a dor de Maria com a de mães que também perderam filhos para as drogas ou por morte precoce, rezando-se também em sua intenção.
Rito
De acordo com a secretária de Cultura de Pitangui, Maria José Valério, o rito começa na penumbra e execução da Marcha Fúnebre, composta pelo maestro pitanguiense Quito Nunes.
— Acendem-se poucas luzes e o celebrante procede ao ofício de Nossa Senhora, com a entrada de anjos, portando a espada que, naquele dia, traspassará o coração de Nossa Senhora — comenta.
O momento mais importante é a bênção do Santíssimo
— Terminada a cerimônia, apagam-se novamente as luzes, a banda de Música José Viriato Bahia Mascarenhas toca a Marcha Fúnebre e os fiéis saem em silêncio — completa a secretária.
Detalhes
O setenário começa neste domingo e termina no sábado anterior ao Domingo de Ramos, início da Semana Santa.
— Pitangui, como guardiã das manifestações tradicionais que enriquecem e valorizam a cultura no município, nas suas mais variadas formas de expressões, incentiva e valoriza a realização do Setenário das Dores de Maria, entendendo que é um momento de exercício da fé dos fiéis católicos e de integração da cidade, que se reúne em torno dessa celebração — pontua a prefeita Maria Lúcia Cardoso (MDB).
A Prefeitura ainda anunciou que irá encaminhar um documento de intenção de tombamento desta celebração como patrimônio histórico imaterial de Pitangui.
— Como forma de resguardar e proteger essa importante tradição religiosa do município — acrescenta a prefeita.
Capela de São Francisco
O Setenário das Dores de Maria é realizado em um dos templos mais antigos da região.
A Capela de São Francisco foi erguida por iniciativa de Ignácio Joaquim da Cunha, em 1850, no Alto das Cavalhadas (como era chamada a região), a partir de projeto arquitetônico assinado pelo Frei Eugênio Maria de Gênova.
— O templo recebeu a consagração eucarística somente no ano de 1872. O relógio da Capela de São Francisco, trazido de Portugal, data de 1811 e o sino é de 1862. A Capela de São Francisco é patrimônio histórico tombado em Pitangui — disse a Prefeitura.