Da Redação
Divinópolis esteve presente em um movimento mineiro que luta pelo incentivo à produção de leite no Estado. O Sindicato Rural de Divinópolis participou do debate que ocorreu nesta segunda-feira, 18, na Expominas, em Belo Horizonte.
O “Minas Grita pelo Leite” tem o objetivo de frear a importação de leite subsidiado e de incentivar a produção no país, principalmente os produtores familiares.
O Agora conversou com o presidente do sindicato, que falou da importância deste evento para a região.
Movimento
O evento, que ocorreu nesta semana, reuniu mais de 6 mil produtores e representantes de Sindicatos de Minas Gerais. Ele foi realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
De acordo com o Sindicato Rural de Divinópolis, o movimento “Minas Grita pelo Leite” tem o objetivo de frear a importação do leite subsidiado.
Para a entidade, essa prática vem prejudicando os produtores de leite do país, principalmente em Minas Gerais, a maior bacia leiteira do Brasil.
— Muitos produtores estão abandonando a atividade, por falta de apoio do governo federal, pelas dificuldades enfrentadas diante a importação do produto — falou o presidente do sindicato, Irajá Nogueira.
Importância
O Sindicato Rural com dezenas de filiados em Divinópolis, destacou a importância do apoio da população nesse momento.
— Valorizar o que é nosso. Pela qualidade que temos no leite brasileiro e a quantidade que produzimos. Importar o produto é um descaso com o produtor de leite no Brasil — relatou.
Ele completa dizendo que o evento é uma forma de denunciar a importação ilegal.
— Acho que esse evento foi importante para denunciar a importação ilegal, do leite que vem de outros países, como Nova Zelândia, Uruguai e Argentina e vem para o Brasil via Mercosul. Isso tudo que está acabando com a pecuária leiteira nacional — completou.
Ele diz ainda que espera que outros estados tenham essa mesma iniciativa.
— Foi muito proveitoso e eu acho que outros estados também vão aderir a essa movimentação. Acredito que tudo isso vai surtir efeitos, porque senão todos vão ficar na mão de importadores. No fim, o Brasil vai ser um grande importador de leite — ressaltou.
Governo de Minas
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) também esteve presente no evento. Em vídeo veiculado nas suas redes sociais, ele fala sobre uma medida para controlar a situação.
— Fiz uma medida, em que todo laticínio que importar leite deixa de ter os benefícios do Regime Especial Tributário — comentou.
O vice-governador, Mateus Simões, explicou essa medida no mesmo vídeo.
— Nós não estamos falando de subir o preço do leite, pelo contrário. Nós falamos de proteger o mineiro. Se o leite importado tomar o lugar do leite mineiro, nós seremos refém dele no futuro. A medida vai garantir que Minas Gerais continue produzindo leite e queijo de qualidade e acessível para todos — explicou.
Importações
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de leite – e Minas lidera o ranking, com 9,5 bilhões de litros (27% da produção nacional). Apesar disso, em 2023, o leite em pó foi o principal derivado lácteo importado pelo país, alcançando o volume equivalente a 2,8 bilhões de litros de leite. Esse volume é quase 96% superior ao adquirido em 2019, representando um recorde de importação em 23 anos.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), 46% das importações vieram da Argentina e 45% do Uruguai. Como integrantes do Mercosul, os dois países são isentos da Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada de países que estão fora do bloco, desestruturando a cadeia produtiva do leite.
Queda de preços
Conforme dados da Agência Minas, em janeiro de 2024, o valor pago ao produtor foi de R$ 2,11 o litro, inferior ao mesmo mês de 2023, quando estava em R$ 2,51. Os números evidenciam o impacto negativo das importações nos preços pagos aos produtores mineiros. Em 2022, o preço médio do litro de leite havia sido de R$ 2,71.
CPI
O deputado federal, Domingos Sávio (PL) apresentou ontem, um requerimento para que seja aberta, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a possível existência de cartel no setor leiteiro do país, além da importação irregular de produtos lácteos.
Para o deputado, essa prática está tendo um impacto devastador sobre os produtores nacionais, levando muitos à beira da falência.
— É inadmissível que estejamos permitindo a entrada massiva de leite estrangeiro enquanto nossos próprios produtores lutam para sobreviver. Isso não é apenas uma questão econômica, mas também uma questão de soberania alimentar. Estamos colocando em risco a segurança alimentar de nossa população em nome de acordos comerciais desfavoráveis e políticas que favorecem apenas interesses externos — declarou.