Bruno Bueno
O Hospital Regional que será universitário também deve contar com alunos da Universidade Estado de Minas Gerais (Uemg).
A intenção foi sinalizada pela diretora da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) — Campus Centro-Oeste em coletiva na manhã de ontem. A Uemg conta, atualmente, com cinco cursos na área da saúde: psicologia, fisioterapia, enfermagem, educação física e serviço social.
Detalhes
O hospital será administrado pela UFSJ por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Herica Lima relatou que o modelo de inserção dos alunos ainda será construído.
— É importante dizer que a gente também tem a Uemg que possui outras especialidades como fisioterapia e psicologia que podem fazer parte do hospital universitário — explica.
Para ela, o primeiro passo foi dado.
— Primeiro conseguimos que a Ebserh nos desse viabilidade técnica para pleitear o hospital. Depois nós pleiteamos o hospital junto à Secretaria Estadual de Saúde e aí realmente fomos contemplados em ser a instituição que ficará a cargo do hospital — afirma.
E agora?
Ela relatou os próximos passos.
— A gente precisa assinar um termo de compromisso. Isso deve acontecer junto ao Ministério da Educação em breve. Depois, a Ebserh começa o trabalho junto com a UFSJ para assinar um protocolo e só depois a empresa é contratada — comenta.
Herica afirma que o hospital universitário pode transformar Divinópolis em uma potência.
— É um grande passo econômico, científico e tecnológico, mas ainda temos muito pela frente — ressaltou.
Objetivo
O reitor-geral da UFSJ, Marcelo Andrade, disse que a implementação do hospital universitário já era um objetivo antigo.
— Foi tudo construído aqui na universidade. Primeiro, a ideia era de ter o hospital regional como um campo de prática e agora no governo federal, com o mandato do presidente Lula, veio essa possibilidade de termos a transferência do hospital para a UFSJ sendo um hospital universitário — relata.
Ele acredita que o hospital universitário vai ser extremamente importante para a região.
— 53 municípios serão atendidos. Além disso, vai contribuir no processo de formação dos nossos alunos da área da saúde, da medicina, enfermagem, farmácia, da bioquímica, mas também dos outros campos que temos a possibilidade de atuar neste hospital — acrescenta.
A UFSJ não participou da reunião que sacramentou o Hospital Regional de Divinópolis como universitário.
— Até onde eu fui informado era uma reunião dos representantes do Executivo. No entanto, eu já disse: a partir de agora, a universidade vai participar de todas as etapas desse processo porque somos a parte mais interessada — finaliza.
Estudantes
O presidente do Diretório Acadêmico da UFSJ, André Costa, falou da importância do hospital universitário para os estudantes.
— Muitas pessoas que estudam aqui hoje têm dificuldade de chegar no seu campo de prática para fazer estágio ou, às vezes, para fazer pesquisa, em virtude da dificuldade de deslocamento. Eles precisam viajar quilômetros. Com o hospital, isso será resolvido — disse.
Ele relembrou o esforço dos estudantes no processo.
— Vai ser um ganho para todo mundo. Para os estudantes é um avanço depois de muitas lutas e reuniões que a gente participou. Foi muito tempo correndo atrás disso e agora nós temos uma luz do fim do túnel — reitera.
Lohanna
A deputada estadual Lohanna França (PV) é egressa da UFSJ e foi uma das principais articuladoras do projeto junto ao Governo Federal. Ela foi questionada sobre a participação de outros políticos no vídeo de anúncio da novidade.
— As obras são maiores do que as dos homens. Eu tenho certeza que houve um atropelo por parte do ministro da Educação, mas a gente imagina que as agendas em Brasília, às vezes não permitem, pelo tempo e pelo correr das coisas, que seja feito todo o contexto político prévio — disse.
Lohanna ainda disse que, antes de qualquer briga política, o hospital precisa ser entregue.
— A população de Divinópolis é muito inteligente e sabe muito bem quem são as pessoas que lutaram para que esse hospital se tornasse realidade. (…) Quem está na UPA esperando uma transferência, quem está numa situação de dificuldade familiar, precisa, espera e conta muito com esse hospital pronto e funcionando — pontua.
CMS
O presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Guilherme Lacerda, destacou a importância do hospital universitário.
— É a melhor alternativa para Divinópolis. Tanto o vínculo com o Ministério da Educação, quanto com o vínculo com o Ministério da Saúde vão trazer mais recursos e irão formar mais profissionais com mão de obra qualificada e técnica especializada — salienta.
Guilherme criticou a “guerra” política pelo protagonismo do hospital.
— Para a gente não importa quem vai ser o pai. A política criou mais entraves do que beneficiou esse hospital. Com esse anúncio, estamos extremamente felizes e motivados para um futuro que a gente tenha mais leitos disponíveis para nossa região — afirma.
Prefeitura
A Prefeitura não enviou representantes para a coletiva de imprensa. O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), publicou um vídeo na semana passada e agradeceu ao ministro da Saúde, Camilo Santana, pela implementação.
— Eu quero agradecer de coração ao ministro por ter aceitado que assim que o hospital regional estiver pronto, que ele possa se transformar no hospital-escola, onde ele vai ser administrado pela UFSJ — comenta.
Gleidson ainda disse que Divinópolis clama por saúde.
— Tenho certeza que a solução é o Hospital Regional, e agora melhor ainda, que terá a administração da universidade — comemorou Gleidson.
Como vai funcionar?
O acordo entre a Ebserh, o Ministério da Educação e a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está fechado e será assinado em breve. O governo mineiro vai repassar recursos visando a aquisição de equipamentos e mobiliário.
— Além disso, será responsável por concluir a obra do Hospital Regional de Divinópolis e efetivar a doação da unidade para a Universidade Federal de São João del-Rei — explicou a Ebserh.
A Ebserh assumirá a gestão do hospital em parceria com a universidade.
A empresa
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais.
As unidades atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
