A busca desenfreada por votos está cada vez mais acelerada. Os prazos para a realização de convenções, os registros de candidaturas e o início das campanhas eleitorais se aproximam. E, claro que junto a tudo isso vem as tão conhecidas promessas eleitorais. Entra ano, sai ano, vem campanha, vai campanha, e o ciclo é exatamente o mesmo. Promessa para todos os lados, de todos os tipos. Os candidatos se colocam como verdadeiros heróis. Aqueles que são capazes de resolver todos os problemas da cidade, as demandas da população, e assim que forem eleitos, tudo se resolverá em um “passe de mágica”. A “coisa” funciona mais ou menos assim a cada dois anos. E, como em um ciclo vicioso, é claro que depois de eleger os seus representantes, e nada ser resolvido, a população faz aquilo que sabe “de melhor” – contém ironia – reclamar. Agora com as redes sociais então. Aquelas reclamações que durante anos ficaram em rodas de amigos, em mesas de bar, hoje ganharam proporções nunca vistas antes. Como em um sistema perfeito, é exatamente assim que o Brasil “tem feito” ao longo dos anos.
Os mais atentos a este “movimento” já viram também que logo após escolher os seus governantes, e constatar que nada daquilo que foi prometido durante a campanha será feito, o povo segue em busca de novos heróis. Que sejam juízes, anônimos, blogueiros (as), socorristas… A busca por salvadores segue incessantemente. As eleições acabam e essa busca não para. Por aqui já está mais do que provado que a carência do brasieliro é tanta, mas tanta, que não importa a realidade, o real que muitas vezes está ali, escancarado na cara do eleitor. O que vale é ser iludido, é acreditar na jornada do herói tão bem construída por candidatos durante as campanhas eleitorais. O que importa é acreditar piamente que enfim a saúde pública vai funcionar, o asfalto vai chegar, a rede de esgoto também. O emprego dos sonhos está logo ali, junto com a escola pública perfeita. O desejo de ser salvo desta realidade dura é tão grande, mas tão grande, que encarar a verdade é doloroso demais, sair desse ciclo então, é pior ainda.
Hoje, faltando pouco mais de 40 dias para o início das convenções, que são realizadas para definir as candidaturas de prefeitos e vereadores, a única certeza que se tem é que do “lado de lá” a construção da jornada do herói já está a todo vapor. E, infelizmente, do “lado de cá” tem um povo ávido por acreditar de novo nesse enredo tão bem construído pelos candidatos e suas agências de marketing. Na mesma proporção que os candidatos estão ávidos por iludir, existe uma população sedenta na busca desses salvadores que irá lhe salvar das mazelas do Brasil. Mas, o que ninguém quer ouvir é que o ciclo vai seguir o mesmo. Promessas de lá, gente acreditando de cá, a busca desenfreada por votos, na mesma frequência da busca por quem possa fazer o quase impossível. Assim, nessa sintonia o Brasil vai “se fazendo”. Sem heróis, com promessas por todos os lados, uma população sedenta por melhorias, e muitos problemas para resolver.
