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De facadas, tiros e fábulas

by JORNAL AGORA

CREPÚSCULO DA LEI – Ano VI – CCXCX

De facadas, tiros e fábulas

A Trácia foi uma antiga região da Macedônia, um espaço que hoje estaria entre a Turquia e a Bulgária. Era uma região de eslavos – branquelos – onde gregos e romanos capturavam prisioneiros destinados aos trabalhos perpétuos e forçados. Daí a razão do termo “escravos” (Sim, eram brancos. A escravização negra foi uma invenção portuguesa).

Talvez o escravo trácio mais famoso teria sido Spartacus. Talvez, pois há um outro nome de escravo trácio bem conhecido: Esopo. Nascido no século VI a. C., é considerado o criador da fábula como gênero literário. É difícil falar em fábulas e não fazer uma associação com Esopo. Uma de suas fábulas mais famosas é sobre “O Pastor Mentiroso e o Lobo”, também conhecida por estas bandas como “Pedro e o Lobo”.  

É a história de um jovem pastor de ovelhas que não gostava da solidão de sua atividade e, por conta disto, fazia falsos alarmes de um – inexistente – lobo atacando o rebanho. Praticamente a aldeia inteira vinha em seu socorro, e o jovem pastor se divertia com aquela movimentação. 

Ocorre que, em determinada situação, surgiu realmente um lobo que avançou contra o rebanho. De nada adiantaram os gritos do pastor, e o rebanho foi um farto banquete.

Como toda fábula gera uma mensagem moral, desta resulta que “na boca de um mentiroso, o certo será sempre duvidoso.” 

Ora, a política está tão repleta de mentirosos, tantos mentirosos que fazem da mentira a sua própria essência de discurso. Lembrando Fernando Pessoa, mentem tão completamente, que chegam a sentir como verdade, a verdade que deveras mentem.

Mentem em tudo. Que a terra é plana, que a vacina transforma pessoas em jacaré, que seu governo nunca teve corrupção, que o aquecimento global não existe, que as armas são a solução, que pobre não tem de estudar – apenas trabalhar. Mentem que o capitalismo é obra dos deuses e que os deuses precisam de dinheiro, mentem para roubar joias, mentem para saquear e cometer genocídio em países indefesos. 

Mentem sempre, inclusive fazem leis para poder mentir livremente em modernidades chamadas fakenews. Depois fazem canais de fakenews. Vivem de fakenews. Ficam ricos com fakenews.

Na boca destes mentirosos, o certo sempre será sempre duvidoso. Quando falam que foram vítimas de facada, sempre haverá dúvidas. Quando falam que foram vítimas de tiro, sempre haverá dúvidas.

Dúvidas tanto maiores quando se observa que os eventuais autores são, pasme-se! – admiradores de suas próprias vítimas, que acompanham suas vítimas nas mesmas ideologias que propagam, principalmente na ferrenha doutrina dos armamentos, ou seja, se armam como mandam seus ídolos, e depois atiram – ou dão facadas – em seus ídolos. Como não ter dúvidas?

Dá para acreditar que as vítimas continuam pedindo mais violência, mandando seus seguidores se armarem ainda mais? Dá para acreditar que tais vítimas que impõem violência chamam seus adeptos da violência assassina de “esquerda”? Dá para acreditar que no país pátria da violência, das armas e dos tiros não tem nem “esquerda”?

Por esta Esopo não esperava.

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