A advogada e colunista do Agora, Adriana Ferreira vem liderando com maestria um movimento que trata do envolvimento de crianças e adolescentes nos jogos eletrônicos e os riscos que trazem. Teve a iniciativa depois de atender clientes com a família destruída por causa do vício. A situação é tão caótica que se viu na obrigação como profissional, cidadã e mãe de fazer algo para que o pior aconteça, se é que pode piorar. Detalhou de forma brilhante e ao mesmo tempo, preocupante, em sua coluna que assina todas as quartas-feiras aqui no JA. Arregaçou as mangas e foi em busca de parcerias de órgãos fundamentais nesta empreitada, com os de segurança, a OAB, Prefeitura e Promotoria da Infância e Juventude. Estava dado o primeiro passo. Expôs a situação na reunião da Associação Comunitária para Assuntos de Segurança Pública (Acasp) na semana passada, e nesta, se reuniu com a vice-prefeita Janete Aparecida, a presidente da OAB local, Ellen Lima e a Secretaria Municipal de Educação Andréa Dimas. Será feito um levantamento da situação na cidade e após isso, a secretária se reunirá com os diretores da rede municipal de Educação. O que dizer desta iniciativa? Simplesmente, faltam palavras.
Na Tribuna
Agora é a vez da advogada levar a pauta ao conhecimento dos vereadores. Ela irá usar a Tribuna Livre para dissecar o tema tão melindroso e perigoso, e pedir apoio também aos representantes do povo na Câmara. Sem dúvida, receberá cumprimentos e apoio, e será mais um poder a agregar à luta, que promete ser árdua, mas que no final trará grandes resultados, pode apostar. A campanha se chamará “Família é jogatina não combinam”. Parabéns, Adriana. Iniciativas como estas, fazem a diferença na vida de muita gente.
“Ópio do espírito”
Diante dos males e perigos que esses jogos representam na vida de crianças e adolescentes, países mais desenvolvidos vêm adotando medidas drásticas contra a prática. Na China, por exemplo, o acesso a videogames por menores de idade é restrito. O país libera os jogos online para esse grupo somente durante as sextas-feiras, fins de semana e feriados, com horário predeterminado e o limite de jogo por no máximo três horas semanais. A medida foi tomada com o objetivo de prevenir o vício e combater o que tem sido chamado de “ópio do espírito” pela mídia chinesa. Como em outras situações, têm profissionais da área da saúde mental e famílias que acham que a restrição não é o melhor caminho, assim também há boa parte que apoia. Apoiando ou sendo contra, o fato é que esse problema é de todos nós e cada um precisa fazer sua parte, como Adriana está fazendo.
Realidade pelo virtual
A situação ganha a cada dia proporções maiores, isso é fato. Estima-se que cerca de 40% da população mundial jogue algum tipo de jogo eletrônico. A facilidade de acesso é um dos motivos para o crescimento. Atualmente, os jogos eletrônicos estão disponíveis em diversas plataformas e por se tratar de um entretenimento casual, muitos possuem interfaces desenvolvidas para que o usuário passe uma grande quantidade de tempo utilizando-os. Em alguns casos, o uso contínuo de tela acaba se tornando um vício, no qual o usuário troca a realidade pelo virtual. Quando se chega a este ponto a pessoa, infelizmente, já atingiu o “fundo do poço”, é precisa de ajuda profissional, muitas vezes para um longo tratamento.
Uma doença
A proporção do vício e suas sequelas cresceram tanto, que há 6 anos, em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o vício em jogos eletrônicos como uma doença. Os parâmetros estabelecidos para que o tempo de jogo de uma pessoa passe a ser considerado um transtorno são: a perda de controle sobre o uso do jogo, a troca das atividades do cotidiano — como higiene básica — pela troca do convívio social com pessoas próximas. E o pior: quando não é tratado a tempo ou a pessoa não aceita ajuda, o destino pode ser o autoextermínio, como já foi registrado mundo afora. Por isso, a necessidade de campanhas como esta que está nascendo agora em Divinópolis. Que todos abracem!
