Se tem algo que todos, absolutamente todos podem afirmar de olhos fechados, é que os brasileiros definitivamente não estavam preparados para viver o “boom” das redes socais, e que toda essa imaturidade envolvendo a internet trouxe danos significativos para o país. As eleições chegaram e os candidatos estão a todo vapor nessa corrida contra o tempo, e em busca de votos. Eles estão por todos os lados. Nas redes sociais então, nem se fala. Vídeos por todos os lados, de todos os ângulos, com as mais variadas promessas. Tem para todos os gostos. Porém, todos irão concordar que uma vida real é feita além da bolha que a internet coloca cada um. Quando a tela do celular é bloqueada não existe algoritmo capaz de mudá-la. Então é justamente neste ponto que muitos candidatos “escorregam”, e mostram além do que pretendem. E, não é preciso ser especialista político para ver isso, basta querer. Como todos bem sabem, existe uma vida para além da bolha que as redes sociais colocam boa parte da humanidade, e o que mais chama a atenção é o fato de que alguns candidatos simplesmente não conseguem ir para além dela. Não consegue argumentar, debater, mostrar ideias plausíveis e que possam ser trabalhadas dentro do real. Não conseguem debater de forma sadia e lúcida, e muito menos apresentar soluções para os problemas que a cidade enfrenta. Pelo contrário, ficam como “papagaios de pirata”. Apenas repetindo aquilo que o povo está careca de saber.
Que o Brasil está polarizado, isso todos já sabem, mas a questão talvez seja: até quando será possível sustentar essa polarização? Até quando os brasileiros conseguirão sustentar os danos trazidos por essa divisão? Diante deste cenário é possível ainda ir um pouco além e questionar: até quando o povo irá sustentar esse lugar de conforto dos candidatos, em que cada um está na sua bolha digital apenas se favorecendo desta polarização? As eleições estão movimentadas e a responsabilidade está nas mãos dos eleitores agora. É chegado o momento em que o eleitorado tem como dever de casa, tem como obrigação, olhar para além das redes sociais, da bolha digital, do algoritmo. E, é neste ponto, que consequentemente, vem a pergunta: saiu da rede social o seu candidato (a vereador ou a prefeito) se sustenta? Ele tem um discurso e soluções para além da bolha? O discurso dele é para todos, ou apenas para os “seus”? Em época de eleição é primordial que o eleitorado tire os “óculos da paixão”, e se esforce para enxergar o que a realidade trás. Afinal, quando a tela do celular é bloqueada, não existe algoritmo capaz de conseguir vaga em hospital, zerar fila do SUS, melhorar transporte coletivo, colocar médico em posto de saúde, fazer ter vaga em escola, e por aí vai.
Falar para os seus é fácil. Quem não quer se manter ali, apenas profetizando, sem ser questionado, e apenas ser aplaudido? Porém, o que muitos se esquecem, e isso inclui tanto candidatos quanto eleitores, é que um país só evolui quando ele passa pela diversidade, pelo respeito, pela democracia. Uma nação só é desenvolvida quando ela vai para além da bolha, para além dos algoritmos, quando ela sabe que o real exige mais.
