Lucas Maciel
Lotes incendiados, terrenos queimados, florestas cortadas pelas chamas, e o céu acinzentado. Todas essas características têm sido vistas com grande frequência no dia a dia da população. Essas questões, que nos últimos meses vêm ganhando destaque pelo alto número de casos, ligou o alerta de profissionais, como médicos e equipes de combate para o grave problema.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que apenas no mês de agosto, o Brasil registrou 68.635 focos de queimadas. Em comparação ao mesmo período do ano passado, aumento de cerca de 144% – no ano passado o país havia registrado 28.056 focos.
O resultado é o quinto pior da história, ainda de acordo com a pesquisa, e a região mais atingida foi a Centro-Oeste do Brasil. Porém, o Sudeste não fica muito atrás e os números também são alarmantes.
Em Minas Gerais, por exemplo, um levantamento realizado pelo Corpo de Bombeiros mostrou que o número de queimadas até o início de setembro deste ano já supera o total de registros de 2023. Entre janeiro e setembro de 2024, o estado registrou um total de 20.233 incêndios em vegetação, já no ano passado inteiro, foram 17.135 ocorrências.
Divinópolis lidera os números na região e todos os dias registra ocorrências em diversos pontos da cidade. A Prefeitura afirma que já realizou diversas notificações e autuações.
Região
Na mesma linha da alta incidência das ocorrências no Estado, está o Centro-Oeste de Minas. Conforme informações do 10º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), somente no primeiro semestre de 2024, foram atendidas 1271 ocorrências. Em todo o ano de 2023, haviam sido 2.290.
O mês de agosto, no entanto, se destacou negativamente e subiu consideravelmente os dados. O balanço mostrou que 535 casos foram atendidos em toda área de atuação durante o período.
Divinópolis lidera como a cidade que mais atende ocorrências de incêndio em vegetação. Até o momento, os Bombeiros atuaram em 736 ocorrências.
Segundo a corporação, duas ocorrências de maior destaque foram registradas no mês. A primeira aconteceu no dia 26, no povoado de Medeiros, em Itatiaiuçu; já a segunda, em Serra Negra, no dia 29.
Fiscalização
A lei 9.605/98, também conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, proíbe a prática de queimadas criminosas no Brasil. De acordo com a norma, colocar fogo em lotes vagos e em áreas de vegetação é uma infração grave à legislação ambiental e pode resultar em pena de reclusão e multa que pode chegar a R$ 10 mil.
Em nota, a Prefeitura de Divinópolis informou que monitora a situação e que, até agora, já foram realizados 116 boletins de ocorrência relacionados a queimadas. Além disso, 3.516 autos de fiscalização para os proprietários de lotes.
— A fiscalização ambiental trabalha com os BOs que são recebidos dos Bombeiros (Lei 13788/20). Quando do recebimento dos mesmos, é lavrado um auto para o proprietário do lote, onde houve a queimada. Abrimos então um processo administrativo. O notificado tem um prazo para apresentar a defesa sendo a mesma encaminhada ao setor jurídico para análise. Caso seja deferida, o processo finaliza. Se não é gerada uma multa — explicou.
Desde a última semana o céu na cidade permanece acinzentado e ruas, casas e empresas cobertas de fuligens.
Estiagem prolongada
Uma das causas naturais que ocasionam uma maior incidência das queimadas no período é o tempo seco. De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), publicado na última semana, cerca de 70 cidades brasileiras estavam há mais de 100 dias sem chover.
A tendência é que a situação piore ainda mais. De acordo com o próprio Inmet, a previsão para setembro não é boa, já que são previstas chuvas abaixo da média em algumas regiões do Brasil, incluindo a Sudeste.
A redução das chuvas, de acordo com a meteorologia, ocorre devido à persistência de massas de ar seco, condição que favorece o aumento de queimadas e de doenças respiratórias.
Alerta Vermelho
Outro grave problema para a saúde que este tempo proporciona está relacionado a baixa umidade do ar. A região Sudeste e Centro-Oeste ficaram, nesta quarta-feira, 4, no alerta vermelho. Isso acontece quando a umidade relativa do ar está abaixo de 12%, o que gera grande risco de incêndios florestais e à saúde, com a incidência de doenças pulmonares, dores de cabeça, entre outras.
Por isso, o Instituto Nacional de Meteorologia, apresentou algumas recomendações para a população durante este período:
- Beba bastante líquido;
- Atividades físicas são nocivas em tal tempo seco;
- Evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia;
- Use hidratante para pele e umidifique o ambiente. Evite bebidas diuréticas (café e álcool);
- Obtenha mais informações junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).
Previsão do tempo
Para os próximos dias, a previsão do tempo indica temperaturas altíssimas, todas acima dos 32°C e nenhuma previsão de chuva pelo menos até o dia 18 de setembro, segundo o ClimaTempo.
Para hoje, está previsto um dia com sol o dia todo e sem nuvens no céu, com a temperatura máxima podendo chegar aos 35°C. A noite, o clima também ficará aberto e sem nuvens. Em relação a umidade relativa do ar, deve variar entre 19% e 66%
Nesta sexta, o dia também será de muito sol e a temperatura máxima deve ficar próxima aos 34°C. A umidade do ar sobe um pouco, variando de 23% a 67%.