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A escravidão na Idade Média, uma cultura crue

by JORNAL AGORA

A escravidão na Idade Média passou por transformações significativas em relação às práticas da Antiguidade. Embora a escravidão não tenha desaparecido completamente, a servidão substituiu parcialmente a escravidão em várias regiões da Europa, enquanto em outras partes do mundo, o comércio de escravos continuou ou até mesmo se intensificou. Abaixo, apresento uma cronologia destacando os principais eventos e práticas relacionadas à escravidão na Idade Média:

Séculos V a VIII

Declínio da Escravidão Clássica na Europa Ocidental: Com o colapso do Império Romano no século V, a estrutura social da Europa Ocidental começou a mudar. A escravidão tradicional declinou gradualmente, sendo substituída pelo sistema de servidão feudal, onde os servos, embora não fossem tecnicamente escravos, estavam fortemente vinculados à terra e ao senhor feudal.

Escravidão nas Sociedades Germânicas: Entre as tribos germânicas que invadiram o antigo Império Romano, a escravidão ainda era praticada. No entanto, as leis germânicas permitiam que os escravos tivessem alguns direitos limitados, e a conversão ao cristianismo incentivou a libertação de alguns escravos.

Séculos VIII a X

Comércio de Escravos no Mundo Islâmico: Durante o período medieval, o comércio de escravos no mundo islâmico floresceu. Escravos africanos, europeus e asiáticos eram transportados por rotas comerciais que se estendiam do norte da África e Oriente Médio até a Ásia Central e Índia. Muitos escravos serviam como domésticos, trabalhadores agrícolas ou soldados (como os Mamelucos, uma classe militar composta por escravos no Egito).

Escravidão na Península Ibérica: A Península Ibérica, sob domínio muçulmano (Al-Andalus), tornou-se um importante centro do comércio de escravos. Cristãos e muçulmanos capturavam e escravizavam indivíduos de crenças religiosas diferentes durante conflitos e guerras.

Séculos X a XII

Comércio de Escravos no Mar Báltico e no Leste Europeu: Durante o período medieval, o Mar Báltico e o Leste Europeu tornaram-se centros ativos de comércio de escravos. Os eslavos (de onde deriva a palavra “escravo”) eram frequentemente capturados por vikings, nômades das estepes e comerciantes árabes, sendo vendidos para o Império Bizantino e o mundo islâmico.

Sistema Feudal na Europa Ocidental: Na Europa ocidental, a maioria da população agrícola vivia em condições de servidão, vinculados à terra e aos senhores feudais. Embora esses servos não fossem escravos no sentido estrito, sua mobilidade era severamente limitada, e suas condições de vida eram frequentemente duras.

Séculos XII a XIV

A Queda de Constantinopla e o Crescimento do Comércio de Escravos: Após a Quarta Cruzada (1202-1204), Constantinopla e outras partes do Império Bizantino tornaram-se importantes centros de comércio de escravos. O controle veneziano sobre partes do antigo Império Bizantino facilitou o comércio de escravos entre o Mediterrâneo Oriental e a Europa Ocidental.

Mongóis e o Comércio de Escravos: O Império Mongol, no século XIII, controlava vastas áreas da Ásia e facilitava o comércio de escravos. Prisioneiros de guerra capturados nas campanhas militares mongóis eram frequentemente vendidos como escravos.

Séculos XIV a XV

Escravidão no Império Otomano: Com a ascensão do Império Otomano no final da Idade Média, o comércio de escravos continuou a ser uma parte importante da economia. Os otomanos utilizavam amplamente escravos para trabalho doméstico, administrativo e militar, sendo os janízaros (soldados de elite) um dos exemplos mais conhecidos.

A Reconquista e a Escravidão na Península Ibérica: Durante a Reconquista, os reinos cristãos da Península Ibérica capturavam e escravizavam muçulmanos e judeus. Além disso, com a descoberta das Ilhas Canárias e a expansão marítima portuguesa no século XV, o comércio de escravos africanos começou a se intensificar, prenunciando o comércio transatlântico de escravos que se desenvolveu no início da Era Moderna.

A Idade Média foi um período de transição e transformação em relação à prática da escravidão. Enquanto na Europa Ocidental a escravidão clássica declinou e foi parcialmente substituída pela servidão feudal, em outras regiões, como o mundo islâmico, o Leste Europeu e o Mediterrâneo, o comércio de escravos continuou a prosperar. As práticas de escravidão na Idade Média estabeleceram as bases para as formas de escravidão que surgiriam na Era Moderna, especialmente com o início da exploração e colonização europeia.

Tem pauta sobre a cultura? Envie para welbertonha@gmail.com

Welber Tonhá e Silva

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186

Membro da Academia Mineira de Belas Artes

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

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