Se algum dia você decidir plantar maçã, tenha a certeza que você colherá maçã. Afinal, parece meio óbvio, mas o óbvio também precisa ser dito. Então, se planta maçã não tem como colher tomates. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o atual período de seca é o mais intenso da história do Brasil, e os impactos vão além da questão climática ou efeitos na saúde da população. As temperaturas altas não chamam atenção apenas pelo tempo seco, mas também pelo comportamento dos brasileiros, que vivem e sentem na pele, os efeitos da seca. Mesmo assim, a população prefere enfrentar os resultados, cega ao que, de fato, faz a diferença, como políticas públicas ambientais, com efeitos que possam ser vistos a “olho nu”. Outro fator que observa-se é a insistência da população em limitar o seu raciocínio, e não olhar para o que interessa. Chega a ser cômico, pois, por toda parte, existem pessoas que reclamam do calor e xingam ambientalistas na primeira oportunidade. De fato, não tem como plantar maçã e colher tomates. Essa conta não fecha. Não tem como reclamar de política, repetir discursos, querer melhorias, exigir desenvolvimento, e fechar os olhos para questões tão sérias.
A sensação é que o povo ainda não entendeu o que faz e que os brasileiros aprenderam a sobreviver “do Brasil”, e apenas seguem. Cada um com sua utopia, valores e desejos. Reclamam das queimadas, mas não conseguem sequer exigir de seus representantes a criação de leis ambientalistas que assegurem resultados a curto prazo. Reclamam mas caem no primeiro que tem o ‘papinho’ mais fácil. Só sabem reclamar, mas nem tentam entender como a “coisa” funciona e o que de fato pode mudar este “calorão”. Não tem como exigir mudanças e melhorias e votar no discurso de: “sou contra a corrupção”. Mas, ao mesmo tempo, fechar os olhos para questões importantes e que interferem na vida de todos. Essa é apenas uma das incoerências que o povo brasileiro carrega e traz a descrença. Afinal, não tem como votar em candidato X ou Y com discurso de honestidade e trabalho, tendo o contrário em mãos.
Não tem como exigir calçamento, asfalto, saúde pública, educação e hospital público, ao olhar apenas para o próprio umbigo. Enquanto isso, o Brasil “pega fogo” por aí. Esse é apenas um exemplo de como os brasileiros fecham os olhos e fingem que não existem. Mas, é justamente neste ponto que vem a certeza de que a evolução vai demorar. Afinal, não tem como plantar maçã e colher tomates. Para cada escolha há um resultado.
