Ígor Borges
A campanha ‘Família e jogatina não combinam’ ganha corpo em Divinópolis. Uma reunião nesta terça-feira com representantes das escolas municipais na sede da Secretaria Municipal de Saúde (Semed), debateu o tema.
O promotor da Vara da Infância e Juventude, Casé Fortes, esteve no encontro e destacou os malefícios dos jogos de azar para crianças e adolescentes. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Divinópolis também participa da campanha e foi representada por sua presidente, Ellen Lima.
A ideia é que a campanha aborde a temática com os alunos, através de atividades nas escolas e distribuições de materiais e cartazes, que ilustram a campanha e a realidade vivida no momento pelas famílias.
Ações
À reportagem, a coordenadora pedagógica da Semed, Patrícia Rodrigues, comenta que a pasta irá espalhar cartazes e materiais sobre a campanha. Outras ações também são planejadas a partir de agora.
— A gente coloca em pauta essa discussão com os estudantes, nosso objetivo é conscientizar e mostrar que esses jogos estão trazendo prejuízo na vida das famílias, como o endividamento e a queda das famílias — observa.
Ela ainda relata a realidade vivida em algumas escolas da cidade.
— Hoje nós tivemos uma primeira conversa, logo daremos início a essa campanha para trazer esse assunto à tona nas salas de aula. A gente percebe que a ludomania tem atingido as famílias e até as escolas, atingindo até a aprendizagem e frequência escolar. Alguns alunos estão deixando de frequentar as aulas por causa do vício dos jogos — explicou.
Além de criar uma rede de suporte e conscientização, a campanha busca apoio de empresários para a produção de materiais educativos, com o cartaz elaborado por Welber Tonhá e Silva. A ideia é fixar em pontos estratégicos, como escolas, igrejas e empresas.
Malefícios
O promotor Casé Fortes relatou os problemas decorrentes do vício em jogos de apostas online.
— Isso é proibido para menores de idade, mas essa proibição não é respeitada. Nós estamos vendo bilhões de reais sendo destinados a jogos. No ano passado, foram mais de 200 bilhões, e uma parte considerável desse valor vem, às vezes, do Bolsa Família — frisa.
O promotor ainda chamou atenção para as formas de conscientizar a população, e disse que é preciso ter rigidez na campanha.
— É preciso esclarecer as pessoas, que enquanto não tivermos uma lei verdadeira, que não se preocupa em arrecadar, mas em proibir esse tipo de jogos, a gente tem que dar um recado para as pessoas. Tipo: “você é otário de ficar julgando nesse tipo de aposta”. Ninguém ganha, todo mundo perde. As pessoas se endividam profundamente, gastam muito dinheiro e ficam devendo agiotas, fazendo sua família passar necessidade — lamentou.
Campanha
De acordo com a advogada e idealizadora da campanha “Família e jogatina não combinam”, Adriana Ferreira. Segundo ela, são muitos os relatos de famílias prejudicadas pelo envolvimento em apostas.
Em um dos relatos, compartilhou Ferreira, o de uma mãe que apostava o dinheiro recebido através do auxílio federal, colocando em risco a alimentação dos filhos.
O objetivo é conscientizar as pessoas sobre os riscos das jogatinas.
— É um problema da sociedade, está acima de qualquer questão político-partidária — destacou.
Em sua avaliação, a questão envolve ao menos três pilares: Educação, Saúde e Segurança Pública. No primeiro, cria o vício em jovens e atrapalha o desenvolvimento escolar. Já no segundo, leva à depressão e ao risco de autoextermínio em razão, especialmente, do endividamento. Além disso, pode levar pessoas a se envolver com a criminalidade, como agiotagem, para sustentar a dependência.
— O endividamento está envolvendo jovens e pais de família, que se envolvem com agiotas, sem falar aqueles que fazem acerto nas empresas, vendem férias, pegam o FGTS para sustentar os vícios. Há casos, ainda, de quem vende o único imóvel que possui para pagar dívida de jogo — relatou.
Cartaz: Welber Tonhá