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Moradores afirmam ter sido enganados por calceteiros em Divinópolis

by Portalagora

 

Ricardo Welbert

Moradores de Divinópolis afirmam ter sido vítimas de má-fé por parte de calceteiros – profissionais que fazem calçamentos de ruas. Após receberem antecipadamente pelo serviço, os operários somem sem terminar as obras. Contratantes ouvidos pelo Agora afirmam que os profissionais foram indicados a eles pela Prefeitura, que nega.

O técnico em laboratório Francisco Alves mora em um prédio no cruzamento das ruas Cabo José Correia dos Reis e José Paulino, no bairro Realengo. Ele conta que a obra em frente à construção começou há mais de um ano e está parada.

— O custo total foi de R$ 850 e a minha parte paga foi de R$ 280. O cara abandonou o serviço e sumiu. Pelo que sei, esses calceteiros estão aplicando esse golpe em vários bairros de Divinópolis — diz.

Com base em outros relatos que o Agora colheu em outras regiões da cidade, a afirmação tem fundamento. O pintor Vailto Ferreira Magela mora na rua Ulisses Guimarães, no São Lucas. Ele guarda documentos que comprovam a contratação e o pagamento de um calceteiro que largou o serviço pela metade.

— O calceteiro fechou o serviço com a gente por R$ 1,1 mil. Porém, pagamos R$ 1,5 mil porque ele teria que fazer o eixo da rua. Esse valor foi dividido entre os moradores e quase todo mundo pagou R$ 400 a mais. Só os donos de dois lotes não efetuaram o pagamento — conta.

Com o dinheiro no bolso, o calceteiro fez o corte da rua e instalou as pedras nos trechos que ficam diante das propriedades cujos donos pagaram pelo serviço. Diante dos imóveis dos dois que não pagaram, ele não calçou. Mas, também não devolveu o dinheiro do cruzamento que não foi feito.

— Simplesmente foi embora levando o dinheiro nosso. Por causa disso, a rua está estragando no tempo — explica.

Vanilto mostra a nota promissória de R$ 1,5 mil assinada pelo calceteiro e a folha de adesão da vizinhança, com os nomes dos vizinhos que contribuíram.

— A Prefeitura autorizou a contratação do calceteiro, mas não acompanhou a obra. Se ele ainda não tinha recebido o dinheiro de todo mundo, não deveria nem ter começado o trabalho. Normalmente uma rua dessas fica pronta em uma semana, mas essa começou em janeiro e terminou em fevereiro — diz ele, acrescentando que fez uma reclamação na Prefeitura e o calceteiro chegou a ter o direito de trabalhar suspenso temporariamente.

Ainda segundo Vailton, no mesmo bairro as ruas Ipê Roxo e Samambaia também tiveram vítimas.

Renato Bernardes acrescenta um relato de problema parecido na rua Lago Azul.

— O calceteiro só começou a fazer o calçamento e parou — diz.

Já o motorista Isaias Batista relata o problema na rua Carijós, no bairro Candidés.

— Eu paguei tudo e não tem nem uma pedra de calçamento na minha porta. A situação é a mesma com os outros moradores do bairro. No dia 11 de setembro eu estive na Prefeitura e atendente ficou surpresa quando eu disse que a obra não tinha começado, porque ela achava que o calceteiro havia se comprometido a começar o serviço no dia 8. Então ela me disse que ligaria para ele de novo. Mas até hoje ele não apareceu — relata.           

O auxiliar de processos Deilson Marcos Silva da Costa também mora na rua Carijós, no mesmo bairro. De acordo com ele, o calceteiro começou a obra no fim de março.

— Ele recebeu nosso dinheiro e sumiu — afirma.

Deilson mostra protocolos de reclamações que fez na Prefeitura no dia 17 de julho. A resposta chegou no dia 1º de setembro, por meio de um ofício enviado pela Secretaria Municipal de Operações Urbanas (Semop). O documento é assinado por Marina Cândida Gomes Silva, gerente de Manutenção; Rodrigo Álvares de Assis, diretor de Operações e Serviços Urbanos; e pela secretária, Cláudia Abreu Machado. Diz o texto:

— Informamos que dentre as medidas adotadas pela Semop está o descredenciamento do empreiteiro. Em relação à parte financeira, é um acordo firmado entre os moradores e o empreiteiro, no qual a Prefeitura não intervém, ficando firmado entre a Prefeitura, os moradores e o empreiteiro o fornecimento de croqui, alinhamento, abertura da via e o serviço de rolo compactador para o término da obra — informa o texto, que traz anexas cópias da autorização para negociação de calçamento, do termo de compromisso e responsabilidade e uma declaração. Tudo assinado e firmado entre os moradores, o calceteiro e governo.

A declaração foi assinada em 17 de julho deste ano e cita que o calceteiro se comprometeu a começar novamente o serviço na rua Carijós, entre Dr. Silvio Caldas e Lago Azul no dia 24 de julho de 2017, respondendo ainda pelo serviço de qualidade, conforme definido no termo de adesão. Assinam o documento a gerente de Manutenção Urbana da Semop, Maria Cândida Silva, e o calceteiro.

— As pessoas que assinaram esse documento estavam cientes dos problemas com esse cara e não fizeram nada — critica Deilson.

Contato

Os moradores entrevistados forneceram à reportagem os contatos de celular informados pelo calceteiros quando as obras começaram. Nas tentativas de contato telefônico, todas as chamadas foram encaminhadas à caixa de mensagem. Mensagens foram deixadas a um deles no aplicativo WhatsApp. Até o fechamento desta matéria, às 18h, ele não havia respondido.

Câmara

O vereador Cleitinho Azevedo (PSS) conta que recebeu reclamações de casos parecidos em outros bairros.

— É um absurdo um negócio desses. A Prefeitura indicar os calceteiros, o povo se unir, juntar o pouco que ganha para pagar os caras e eles sumirem com o dinheiro sem terminar os serviços? A Prefeitura precisa selecionar melhor quem indica, porque se o calceteiro pega o dinheiro e foge sem terminar o serviço, a Prefeitura deve ser obrigada a ressarcir os moradores pelo prejuízo — diz Cleitinho, que pretende levar o assunto hoje à reunião ordinária da Câmara.

Nada com isso 

Em nota, a Prefeitura de Divinópolis afirma que não indica calceteiros e nem participa das negociações de valores entre eles e os moradores.

— O Município apenas fiscaliza a obra para saber se está dentro das especificações — finaliza.

 

 

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