Gisele Souto
Estudo inédito feito com base nos números mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) mostra que, em 516 dos 5.570 municípios brasileiros, o câncer já é a principal causa de morte. De acordo com a análise do Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a doença avança a cada ano e, com a manutenção dessa trajetória, em pouco mais de uma década, as neoplasias serão as responsáveis pela maioria das mortes no Brasil.
Conforme revela o oncologista Roney Quirino, em algumas cidades, o número é maior que 10%, como Montes Claros, no Norte de Minas, onde chega a 18%. Ele afirma que a tendência é o número aumentar proporcionalmente, porque há também, percentualmente, a diminuição da mortalidade de doenças infectocontagiosas, como chagas, esquistossomose, já que há uma tendência natural no controle delas.
— Realmente se trata de uma endemia e vivemos em uma situação em que é preciso investir em apoio, pesquisa, combate, além da medicina básica. Hoje, por exemplo, não é justo morrer por câncer de colo de útero porque se trata de uma falha na prevenção. Este é só um exemplo, existem vários outros que não caberiam apenas em uma reportagem — destaca o oncologista.
Ações e prevenção
Os dados foram apresentados durante a terceira edição do Fórum Big Data em Oncologia, promovido pelo TJCC, com o apoio do CFM, e que reuniu especialistas no assunto, autoridades e representantes de pacientes de todo o país. Para a coordenadora do movimento e presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Steagall, a expectativa é de que o estudo contribua para um melhor planejamento das ações de controle, prevenção e tratamento da doença no Brasil.
— Alimentos industrializados e defumados, bebida alcoólica estão entre os causadores da doença e devem ser evitados. O diagnóstico precoce deve ser um hábito para as pessoas. Vale lembrar que, se detectado precocemente, a maioria dos cânceres tem cura — fala.
Para o oncologista, ainda falta conscientização quando o assunto é prevenção, é extremamente necessário que se faça o diagnóstico, pois, assim, a maioria dos tumores teria chances reais de cura.
O médico revela que os serviços nesta área em Divinópolis estão entre os melhores do Brasil, os equipamentos são de primeira qualidade.
O oncologista prossegue afirmando que não foi à toa que, no dia 28 de novembro de 1994, largou a carreira em Belo Horizonte para fundar a Associação de combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas Gerais (Acccom). Ele diz que era uma região que carecia do atendimento e que já previa esta alta incidência.
Predominância
O órgão com maior incidência da doença, entre mulheres que realizam tratamento em Divinópolis, é na pele e, em segundo, a mama. Já em homem, pele também vem em primeiro; já próstata em segundo. Os dados são da Acccom.
A quantidade de pacientes e outros dados serão abordados pelo Agora em reportagem posterior.