Flávio Flora
Os serviços de terraplanagem para construção dos terraços que irão receber as construções e os equipamentos da Estação de Tratamento de Esgoto do rio Itapecerica (ETE-Itapecerica) seguiram em ritmo lento e com poucos veículos operando, mas foi concluída no tempo previsto, início do verão, antes das chuvas.
Ontem, a reportagem visitou o local, repaginado pelo grupo Retrofort Funcionar (de Belo Horizonte), contratado pela empresa Divinópolis Saneamento (Divisa), e constatou a parada temporária.
A preparação do local envolveu a remoção e a recolocação de aproximados 40.000 metros cúbicos de terra, segundo estimativa do presidente do Divisa, Pablo Guimarães.
Próxima etapa
O engenheiro João Luiz de Oliveira – membro do Conselho Gestor Fiscal do empreendimento, responsável por acompanhar as ações relacionadas ao contrato do programa municipal com a Copasa – informa que em breve começarão as obras estruturais.
Pelo Programa de Saneamento de Divinópolis, ao todo e ao final de dois anos, serão implantados 74 quilômetros de redes interceptoras de esgoto ligadas às Estações Itapecerica e Ermida. Nesse programa, a previsão de gastos ultrapassa os R$ 240 milhões, considerado um dos maiores investimentos ambientais de Minas Gerais, no momento.
Crédito eleitoral
Não apenas o Jornal Agora observa com interesse o andamento dessas obras a serem concluídas em dois anos – conforme documento de 4-08-2016, junto da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento (Arsae).
Por ser um serviço de ampla repercussão social e forte valor eleitoral depois de pronto, a ETE Itapecerica será a estrela da campanha eleitoral de 2018, devendo ser capitalizada, à primeira vista, em nível local, pelo ex-prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) e pelo deputado Fabiano Tolentino (PPS), em primeiro plano, e pelos dois federais, em segundo plano.
Fiscalizadores
Vladimir Azevedo dedicou dois mandatos para conseguir realizar essa sua meta política, que começou em seu primeiro governo, em 2009.
— Tudo o que hoje a Copasa executa não foi ela que construiu o projeto de concepção; nós é que o construímos. Isso porque nunca trabalhei na concepção de entregar o esgoto para a Copasa. Nós colocamos a Copasa em nosso projeto para que ela o executasse — afirmou o prefeito, perante autoridades da concessionária, presentes na inauguração do projeto, em 12 de setembro de 2016.
O outro interessado nas obras da ETE Itapecerica, deputado Tolentino, tem cumprido sua promessa, feita ao início da terraplanagem: pela segunda vez, no domingo último, visitou o canteiro para realizar uma “cobrança enérgica” e constatou que pouca coisa mudou, desde novembro, o que, de fato, já era esperado, segundo informações técnicas, devido ao período chuvoso.
Propaganda enganosa
Entretanto, o deputado Tolentino postou mensagem em rede social denunciando propaganda enganosa da Copasa, anunciando em outdoors obras não existentes, produzidas em maquete digital.
—Outdoors espalhados por toda cidade afirmam que 100% do esgoto coletado é tratado, o que não é verdade. E ainda induzem ao entendimento de que a construção da ETE Itapecerica já estaria pronta, mas é só uma maquete digital. Nós estamos de olho, fiscalizando a obra e fomos ao local para mostrar a vocês a realidade – protesta o deputado.
A reportagem vem recebendo demandas de moradores sobre várias dúvidas quanto à implantação da estação de tratamento do esgoto do rio Itapecerica. Nas redes sociais, as questões também são muito parecidas.
O cidadão Genesio Resende, por exemplo, faz uma observação sobre a ausência de emissários. Na sua visão, a estação vai ficar pronta e o rio continuará sendo poluído.
— Não adianta fazer estação de tratamento sem antes fazer os coletores de esgoto que cai no rio. Se a estação vai ficar pronta, os emissários já deveriam estar prontos. Pelo menos, no perímetro urbano do rio, já estaria despoluído — observa Resende.
Ao final desta primeira etapa das obras, espera-se que a empresa faça nova reunião com a imprensa e lideranças locais para prestar informações sobre o andamento do programa. Esse compromisso foi feito pelo superintendente operacional da Copasa, Maurício Pereira, no lançamento do projeto. (FF)